Ao ver a média de idades
Que havia na Idade Média
Não espanta que alguns compadres
A chamem de Idade Mérdea
Foi gente que labutava
Do sol escaldante à tormenta
E muito se respeitava
A quem chegava aos quarenta
Forjados na paciência
Duma perpétua agonia
Buscavam com mais urgência
A interior alquimia
Olhando além da matéria
Alheios às dores triviais
No meio da peste e miséria
Ergueram as catedrais
Hoje o mundo acelerado
Já no limiar da demência
Consome desenfreado
P'ra se vestir de aparência
E eu sussurro aos ancestrais
Não invejem minha vida
Com primaveras mais longas
Com invernos mais amenos
Vão guardando as catedrais
Que lá nos encontraremos
Mesmo a viver muito mais
Não vou morrer muito menos
Não vou morrer muito menos