No mato bateu cinco horas
Chegou a hora dos "home" acordar
Notícias chegam num galope largo
São duas léguas a nos separar
Boato voa pelo céu aberto, a volante perto
dona do lugar
E lá vou eu
No asfalto também cinco horas
Chegou a hora de ir trabalhar
Marmita quente debaixo do braço
O apito toca e não pode esperar
O trem lotado desce do subúrbio
trazendo distúrbio, dono do lugar
E lá vou eu
No corpo um vestido de chita
Garrucha enfeitada com um laço de fita
Empurra o seu homem pra frente e pro alto
Maria Bonita
A vida é dura na caatinga
Se o homem xinga pra sobreviver
Mulher do lado é que nem barranco
Segura o tranco sem saber por quê
O outro apeia de um cavalo baio
Chega que nem raio, o dono do poder
E lá vou eu
E toco a vida pra cidade
A felicidade eu compra à prestação
Se o calo aperta num sapato largo
O gás afoga a boca do fogão
A santa paz é um momento raro
Todo mês encaro
o dono do porão
E lá vou eu