Subzero
Inverno interno
Horas vão passando
Relógio do inferno
Espelho é sincero
Reflete um mero fantasma
Que não quer ser mero
Sala é cemitério
No sofá jaz
Auto-estima
De alguém
Que já foi capaz
De cair e levantar-se
Mais forte
Como um soldado
Que engana a sua própria morte
Passaporte
Está rasgado
Perdeu o seu norte
Está sem bússola
Num beco suícida
Sem saída
Preso numa teia
Sabe que é última ceia
De uma viúva negra
Que o hipnotiza
Mas ele ainda
Esperneia
Planeia fugir
Da teia
Porque ainda sente
Esperança
Na brisa
Porém o
Tempo é fatal
E caso a fuga corra mal
Ele sabe que desperdiçou
Uma vida
Não há Sorte que se note
Na cidade dos mortos
Aqui não há tempo
O tempo é um luxo dos outros...
E são poucos os loucos
Que encontram os focos
No meio de ratos
Cancros dos esgotos
Janelas perdidas em escombros
Estilhaços iluminam túmulos...
Não sobram trocos para sonhos
Aqui os teus sonhos são pérolas para porcos
Autismo formatado
Numa rede que lhe mente
Puro simulacro
Não está ninguém do outro lado
Todos fingem que ele existe
É parte do teatro
Pedra no sapato?
Mas ele nem tem sapato
Está descalço no asfalto
Esperando o inesperado
Ajoelhado
Perante a sociedade
No bolso um cigarro
Um atalho
Cria Atividade...
Aviões de papel
Bombardeiam cidades
Hiroshima
Em cadernos riscados
Enquanto demónios exibem vaidades
Plantam-se sonhos em jardins queimados
Profetas crucificados
Por cristos modernos
Romanos com cravos
Povo recheado de parvos
Trocam as suas vidas por celebridades