Dona sem hora
Eu já não tenho pescoço
De tanto carregar água no osso
Lá no açude de seu Benedito
Eu piso no chão, eu piso
Aquele dito maldito
Dito cujo daquela desgracença
Que tirou nossa terrinha
Desgraçado
Mataram meu curió
Mataram meu curió
A desgraça há de correr
O chão de toda sua roça
A desgraça há de correr
O chão de todo seu céu
óia o passarin... sofrê!
Hora êh, hora êh, hora
Dona sem hora
Dona sem hora
Sem rumo nem hora
Sem eira nem beira
Sem nada ôh com o sofrê na mão
ôh com o sofrê na mão
ôh roda sem hora, pra nada rodando
ôh girando, ôh girando
Sem rumo com o sofrê
Com sofrê
ôh mulher, pra onde tu vai mulher?
- eu vou com o pé e vou com outro
Acompanhando o meu sofrê
Sofrê, sofrê, sofrê
ôh... embola e bota
O que cabe nessa sacola
Comade que vamo embora
Pra mode ninguém dizer
Que eu não remecho nos males dessa cidade
Quem empurra pra morte falta
E não sabe do paraíso
Lá no desterro, joga um dado e dará juízo
é no juízo, enche os dedos da mão de soltar
No passo sofrê que sabe no vale do paraíso
Eu piso no chão, eu piso...