Há quinhentos anos
Eram cinco milhões
De índios felizes no Brasil
Cada um em sua oca
Cada oca em sua taba
Cada taba em sua mata
Cada rio, cada peixe, cada bicho, bicho
Um por todos, todo mundo nu
E cada um na sua, e cada um na sua
E cada um na sua, e cada um na sua
Boto tamanduá, cocar, sucuri, pitu
Jacarandá, anta, cajá, curumim
Arara, jaguatirica, mandioca
Jiboia, jacaré, vitória régia
E cada um na sua, e cada um na sua
E cada um na sua, e cada um na sua
Hoje são duzentos e cinquenta mil
Mataram milhões de tristeza e solidão
Na bala no chicote na humilhação
Índio foi queimado vivo quando dormiu
Índio comeu peixe poluído do rio
Índio quer saber se chega ao ano dois mil
Índio vem morar numa favela do rio
Numa favela do rio, numa favela do rio
Caiapó, tupi, Xingu
Guarani, tchucarraman
Acolhei ó Tupã, Pataxó
Pataxó
E cada um na sua, e cada um na sua
E cada um na sua, e cada um na sua