Chico Marujo jurara
Que se ela o deixasse, atar à amarra
Uma vez que ele atracasse
Pegaria na guitarra
E com a banza afinada
Em tons magoados de corda gemida
Andariam embarcados
Nos Fados por toda a vida
Promessas dessas, naquela boca
Faziam-lhe festas e punham-na louca
Favas contadas, o Mundo girou
E semanas passadas, o Chico atracou
Quem nasceu já Marinheiro
Faz parte da espuma, das ondas do mar
Que vão à terra uma a uma
P'ra mais depressa voltar
Prender um Marujo à terra
Dizer-lhe que fique, e que do mar saia
É pedir a uma onda
Fica aí quieta na praia
E o rapaz, até a beijar
Não era capaz de esquecer o mar
Vê-se que aflito, anda o seu olhar
Como um passarito, sem poder voar
O Chico, jurou cumpriu
E trocou o mar, pelos beijos dela
Mas passa os dias a ver
Barcos da sua janela
À noite não vê a lua
Nem ouve o suspiro do morrer do dia
Acompanha-a num retiro
De Fados à Mouraria
Até que um dia, foge, vai-se embora
Deixa a Mouraria, e sai barra fora
Vai a cantar, meu Amor se eu fujo
É porque sem mar, ninguém é Marujo