Naquela noite cheia de estrelas,
Ela passava cheia de graça,
A segurei pelos cabelos
E enfiei uma porrada.
Ela gemia, ela chorava,
E a lua cheia iluminava...
Depois peguei um caco de vidro
E enterrei no seu umbigo,
Ela urrava, ela gemia,
Um passarinho batia as asas.
Um violino tocava valsa,
E a lua cheia iluminava...
Com um alicate eu retorcia
Os seus mamilos tão delicados,
Ela pedia pra que eu parasse
E eu sentia uma estranha calma.
Os vaga-lumes contracenavam
E a lua cheia iluminava...
E fui puxando fio por fio
Dos seus cabelos castanho claros,
Em cada fio que eu arrancava
Era uma lágrima, era outra lágrima.
Os arvoredos de cor de prata
A lua cheia iluminava...
E com a perícia de um obstetra
Em meio a um bosque cheio de flores
Eu extirpei de dentro dela
Um bixo horrível chamado homem,
Os passarinhos em revoada
A lua cheia iluminava...
A minha vida é essa história,
Por mais que eu pinte é sempre escura,
Pro que eu pergunto não há resposta
Mas derrepente levei um susto,
Olhei pra dentro da minha alma
E a lua cheia iluminava...