CAPATAZ
Paulo Barroso
Miguel dos Santos
No meio da noite ele vai sair
Com seu casaco-couro e cachecol
Chicote preso firme à mão
A luz - olhos de sol -
O brilho no rosto e no facão
O vento, o mato em volta
e a solidão
Maior, talvez, que a sua cicatriz
Capataz!
Se assim faz
Rondas tais
Com quê será que você sonha?
Morcegos, diabos
Cobras-corais e crimes
Fantasmas a rodar
Por toda a imensidão
Desta fazenda
Quantos anos mais teremos
Por te ver andando assim
Acumulando sempre um mal
Que ninguém sabe da raiz
Quantos homens na fazenda temerosos
Ao capataz
Quantos homens na cidade temerosos
A um capataz