Da cama pro banho, do banho pra sala
O sono persiste, o sol já não tarda
A vida insiste em servir um velho ritual
Que sempre serve a tantos outros
O mesmo pão servido aos poucos
Se senta e abre o jornal
Tudo parece normal
Um dia a menos, um crime a mais
No fundo no fundo no fundo tanto faz
Já é hora de servir o velho paletó surrado
E caminhar sobre o caminho pisado
Que conduz rumo à batalha que
Inicia a cada dia
Conseguir um lugar pra sentar e
Sonhar no lotação
E é tudo igual, igual, igual
No fim dos dias úteis há os dias inúteis
Que não bastam p'rá lembrar ou
Pra esquecer de quem se é
O ar pesado nesse bairro pesado em
Plena barra pesada
A mão pesada vem oferecer
E conta os trocados contando vantagem
E toma uma bola, começa a viagem
E enquanto não chega a velha hora
Que inicia a cada dia
Em várias partes da cidade, por
Lazer ou rebeldia
A mão pesada se abrirá
Oferecendo a garantia barata de
Que tudo vai mudar
E é tudo igual, igual, igual