Preciso me virar do avesso,
Preciso arrumar o quarto, e no quintal
Desenterrar os esqueletos.
Tirar a roupa, deixar secar no varal.
Quero o avesso do inverso.
Quero lareira no inverno tropical,
Quero tomar sopa com gelo,
Quero tirar uma soneca matinal.
Preciso rebocar o teto...
O parapeito tá rachado e não segura mais
O que transborda do meu peito.
Pobre sujeito, da bagunça vive o caos.
Caos.
Nu e cru.
A construção requer reforma no pilar
Fortalecer a fundação
Pra que não reste nenhum vão em nada.
Cru e nu.
Se é concreto armado, eu quero desarmar
Pra que não reste infiltração,
Pra que eu não deixe ser em vão mais nada.
Quero mudar de endereço.
Desapegar do que não quero carregar.
Vou desmontar-me por inteiro
Quebro-a-cabeça pra logo me rejuntar.
Eu quero a casa sempre aberta
Pros viajantes que decidem só passar
Pra quem quiser ficar um tempo
Pra quem quiser mudar, e vir aqui morar.
Preciso me livrar do mofo
E desse cheiro de esgoto, que tá de matar.
Cadê o controle remoto? Eu tô achando que é hora de me desligar
Do caos.
Nu e cru.
A construção requer reforma no pilar
Fortalecer a fundação
Pra que não reste nenhum vão em nada.
Cru e nu.
Se é concreto armado, eu quero desarmar
Pra que não reste infiltração,
Pra que eu não deixe ser em vão mais nada.
Mais nada.
Por você, eu boto a casa abaixo e arrumo a mesa de jantar.
Conserto a telha pra esse pinga-pinga nunca mais voltar.
Quero você de volta na minha morada.