JUNHO
Espero que tu escrevas um livro
Reportando tardes vivas de junho
Que observe ser humano
Com quem dorme no passeio
Com a garrafa e o velho cobertor
Que absolva o som do solo
Do motorista frenando
Nessa rua mora a bola que atravessa atrás do anjo
Folhas secas flanam, fogem de quem quer varrer
Folhas plenas de palavras
Quem vai querer ler?
Desenhando paraísos
Absorvendo absurdos
Definindo a cena que não se vê
Reparando alegrias
Desfazendo preconceitos
Traduzindo a vida que não se lê
Acolhendo a precisão do trabalho
De quem classifica o que vem no lixo,
Do pintor da flor que passa na madeira da carroça
Do malabarista ao tempo do sinal
De quem acha novidades vasculhando velharias
Nos cafés e livrarias, nos sobrados que sobraram
Deixa algumas linhas tortas pra deus se ocupar,
Deixa página vazia
Se acaso acertar
Desenhando paraísos
Absorvendo absurdos
Definindo a cena que não se vê
Reparando alegrias
Desfazendo preconceitos
Traduzindo a vida que não se lê
Meia volta, volta e meia
Volta ao mundo, minha aldeia
Como é bom ficar com meu amor
O carinho quer espaço
Sem ter pressa nem cansaço
Como é bom ficar com meu amor
Espero que tu escrevas um livro
Reportando tardes vivas...
Desenhando paraísos
Absorvendo absurdos
Definindo a cena que não se vê
Reparando alegrias
Desfazendo preconceitos
Traduzindo a vida que não se lê