Porto Mandacarú
(Marcelo Vilas Boas, Márcio Galvão)
Vou partir sertão adentro
Nesse rio que é estrada
Ver se nessas barrancadas
Dia desses chego ao mar
Vou deixar pra trás meu Grão Mogol
Do rio com seus diamantes
Que o sangue e o suor na fronte
Já não consegue retirar
Vou tomar a minha balsa
E aportar em outro porto
Que não tenha espinhos
De outro nome, não Mandacarú
Que não tenha como esse aqui
A fome que o Jequitinhonha lhe legou
Vou partir sertão adentro
Nesse rio que é estrada
Ver se nessas barrancadas
Dia desses chego ao mar
Vou voltar um dia a Grão Mogol
Do rio sem seus diamantes
Mas ver escrito em cada fronte
Que a fome não existe mais.