Eu já nasci caminhando que nem filho de perdiz
Cedo calcei as esporas do jeito que a pampa quis
E pra ser cerne de tempo "guentando" cincha e repuxo
Deus tirou a casca do ovo e o resto chamou de gaúcho
Lá dos "plainos" de Santiago sou d'uma raça birrenta
Pois quem vive de a cavalo aos corcovos se sustenta
Eu trago crina nas mãos, suor de pelo no "reio"
E o sol para pra assistir cada vez que eu gineteio
Deixa que esconda o toso, deixa que levante poeira
Hoje eu largo esse manhoso co'a marca das minhas "basteira"
Eu sou assim meio cru, carrapicho de nascença
E o meu rabo de tatu é o pastor da minha crença
Muita morena afamada eu já cobri com meu poncho
Mas foi debaixo ao Maidana que no basto fiz meu rancho
Sou assim no meu sistema do Rio Grande o mais bagual
E quero ir deste mundo rodando num barrocal
Pois minha forja um deus bugre usou e depois jogou fora
Pra que no mundo não exista outro igual calçando espora