OS OLHOS DO MENDIGO
De: Luciano Alves
Você não olha nos olhos do mendigo
Por medo do que eles lhe dirão
Diz tudo que pensa aos quatro cantos
E é tão difícil escutar o seu irmão
Sabe quem joga e quem fica no banco
Porém teu voto é pra um ladrão, é pra um ladrão
Mastiga pipocas no sofá
Nunca parou pra se perguntar
Vai ao consultório protestar
Em casa não consegue se pronunciar
Vende a sua alma todo dia e vara a noite atrás de um corpo
Que lhe dê garantias, que lhe dê garantias
Levanta cedo todo dia
Toma café com Maria, desanimado
A Maria tá pançuda, passa um galho de arruda
Que é pra espantar o mal olhado
Gastando a vida pra ganhar a vida
Todo seu precioso tempo pra saldar a dívida, pra saldar a dívida
Se apodera de palavras maquiavélicas
Pra fundar sua doutrina, sua redenção
Esconde a verdade do seu filho
Pregando o castigo do Divino e sua perdição
Filantropia e marketing vendendo a mais nova verdade
Manter o jogo em suas mãos, manter o jogo em suas mãos
Quantos capítulos escritos no seu livro
Farão algum sentido?
Quantos serão descartados?
Tantos sonhos diluídos
Quantos afins sem fim, tantos começos
Quanto de mim, de nós que não tem preço, que não tem preço?