O MENESTREL E A LIBÉLULA
De: Luciano Alves
Eu, o bêbado carente, procurando luz no seu olhar
Você, a gota de veneno, água apaga-incêndio
Agulha no palheiro que eu fui encontrar
Melodia rara, voz que não se cala
Flores no vestido vermelho envelhecido para me salvar
Aonde vou o teu perfume paira no ar
Eu, o dito menestrel cantando em planaltos ancestrais
Você libélula amuada, história mal contada
Morte que me inspira a viver um pouco mais
Capricho do destino, ação e movimento
Desejo, desatino, vento, ora me afasta ora me impele para o cais
Aonde vou o teu perfume paira no ar
Eu, o anartista sem nome, crioulo Zé-com-fome enfeitiçado de Moraes
Você vingança desmedida, infância não vivida
Silêncio que culmina no meu pestanejar
A forma mais perfeita, da índia estupefata
Suando frio, sangrando rios que levam para o mar
Por onde vou o teu perfume paira no ar
Eu, o hemisfério proibido, caminho percorrido sem você notar
Você fitando o meu nariz, a relva e a matriz
Imagem tão feliz que não posso lembrar
Olimpo em polvorosa, deusa destemida
Terra prometida, vinho de Dionísio a me embebedar
Aonde vou o teu perfume paira no ar
Eu, o bêbado carente, procurando luz no seu olhar
Você, a gota de veneno, água apaga-incêndio
Agulha no palheiro que eu fui encontrar...