As Coisas Não São Bem Assim (Luciano Alves)
Eu não nasci ontem, as coisas não são bem assim
A minha bandeira é um violão e uma canção ?blowing in the wind?
Eu não sou diferente de nenhum de vocês
Não sou mais descrente nem mais crente talvez
O que eu faço lhe pertence
O que eu sinto você também sente
Eu durmo cansado, como correndo, saio atrasado
Encontro você com um sorriso atravessado
Eu sou uma guerra civil ambulante
Vou do inferno ao paraíso com Dante
Preciso me distrair
Eu quero me divertir com Cervantes
Eu também tenho contas pra pagar
E também tenho bocas para alimentar
Também sinto dores de cabeça
Morro de amores e, às vezes, quero que me esqueça
Também subo bem alto num pedestal
E espero que o mundo não me aborreça
Eu sinto saudades dos bons tempos
E me pego sonhando com futuros contentos
Até vivo o presente, mas esqueço tão rápido
Fico doente e fujo do esculápio
Também quero mudar o mundo
Mas é tão difícil acordar o meu bairro
Sou como você, Quixote, Agostinho, Chico ou José
Também vou embora quando Deus quiser
Minha humanidade é tão cheia de equívocos
O que na verdade é um grande mal entendido
Tudo está previsto
Só precisamos acostumarmo-nos com isso
Tudo está previsto