Nem uma nuvem no céu
Pra gente sonhar
Só o silêncio e o breu
Numa via de acesso
Que se interrompeu
Nem uma palavra sequer
Pra se contradizer
Só o branco no espaço
Sem ponte nem barco
Pra gente atravessar
Nem um gesto ao acaso
Pra gente entender
Só um navio sem rota
A paixão de um caso
Que chegou ao fim
Nem um poema a fazer
Pra gente chorar
Só uma garrafa vazia
Um bilhete de adeus
Nau perdida no mar
O tempo parou
Neste mundo irreal
Nave sem rumo
Senhor do destino
Que a vida levou
Mas ao acordar
Desta febre terçã
Todo mundo cantou
E a vida se abriu
Pra uma nova manhã