É o prego que segura a tira da chinela
É o bombril na antena da TV
O vaso de planta na janela
A capa da botija de crochê
A fralda pra coar a água da torneira
Toalha velha que virou pano de chão
Agenda telefônica na geladeira
Vidro no muro pra espantar ladrão
Em casa de pobre sabe como é
O pote de sorvete vira ?tapaué?
Relógio parado na cozinha
Resto de sabonete pra fazer mais um
Caderno de fiado na vendinha
A água que mistura pra render o xampu
O prendedor de roupa pra lacrar farinha
A ripa que levanta a corda do varal
Tão sempre brigando com a vizinha
Mas correm pra ajudar se ela passa mal
Na sala um calendário na parede
Foto da família, argola pra rede
Altar da santa e vela pra acender
Sofá rasgado, cadeira de embalo
A vó gritando, parece um badalo
Pro moleque não correr
Um vira lata que late e não morde
Mas é casa de amor, então pode chegar
Que tá pronta pra te receber