Um vento me reboja o pensamento
Desquino um tento pra não ter o que pensar
Atiro sonhos no banhado do porteiro
E a noite grande vem me por a guitarrear.
Traço caminhos pra seguir no outro dia
E a alma encilha novos fletes a domar
Nas invernadas que se perde na distância
Mato essas ânsias extraviadas no cantar.
Fogões me agradam no clarim das inverneiras
Almas campeiras que povoam no galpão
São sonhos xucros mesclados com o minuano
Que esse aragano há muito tempo já domou
Lá fora a vida se desmancha em chuva fria
Encordoando tropas, buscando se acomodar
Um quero-quero se anuncia na coxilha
Ensaia rimas de saudade a recoradar.
Negra faceira que o fogão te viu ausente
E até o poente se perdeu do teu olhar
Repasso rimas de fogões e inverneiras
Almas campeiras que me põe a guitarrear.