O rio e o medo
Isabella Bretz (inspirada em Osho)
Eu corria sem olhar pra trás
Só porque era assim que eu sabia ir
Passava por gente, adulto, criança
Deixava bicho, aldeia, lembrança pra trás
Já não dava mais pra desistir
E eu pensava em tudo que eu carregava
O desalento se impregnava em mim
Eu vivia sem imaginar que amanhã
Eu não estaria mais aqui
Eu contorcia, tentava voltar
Mas não podia, não, ninguém pode voltar
E sempre que a chuva leve tocava a minha pele
Eu desfrutava da paz de ser água também
Eu percebia que o momento chegava
O desalento então grudava em mim
Eu era um rio
Envolto em desengano
Fadado a desaparecer
Eu era um rio
Com um destino insano
Fadado a desaparecer no oceano
Vislumbrei à minha frente o que eu temia
Fui em frente pois não seria diferente
Não podia parar
Não pensava mais em nada
Atravessava a madrugada
E tudo o que eu carregava
Ia desaguar
Eu era um rio
E cometi um engano
Pois na verdade eu me tornei o oceano
Amanheceu
Amanheceu
E o oceano era eu