Me dizem que eu não tenho foco, com pensamentos ilógicos
Que sou confusa e que o que eu quero é indistinto
Se pá é verdade, tantos planos e pouca idade,
Cuspo trivialidades pois nem sei mais o que sinto
Nunca me abandonaria, era o que eu ouvia e tô sozinha
Com uma garrafa vazia de absinto
Sempre fiz o que me pediram, me humilhei e todos viram
E riram e eu desejei que logo fosse extinto
Me encontro em um labirinto, faminto
Odeio drogas mas recorro a elas pois é o meu instinto
Minha cabeça é um turbilhão de ideias
Como uma colmeia que profere profanos zumbidos indistintos
E eu sinto muito se te machuquei
Mas é que eu não sei se o meu tempo é curto
Pra viver desse jeito, é que cê me feriu primeiro
Esse passado é tão presente que as vezes surto
Quem sabe toda essa tortura me sirva de aprendizagem
Filosofias me cercam, entro numa puta viagem
Abri a porta pra diversos comportamentos selvagens
Com medo de bater de frente começaram suas lavagens
Alienando os meus meios cerebrais
Mesmo que não de propósito, ainda assim eles eram reais
Você só se importava com seus próprios ideais
Eu só queria tomar minhas próprias decisões em paz
O que seria uma verdade absoluta
Se as nossas verdades são pensamentos individuais?
Por que não devo moldar minha própria luta
Se o suposto plano perfeito não é o que me satisfaz?
Pra que guiar alguém a uma previsível conduta
Como se pra o que ela quisesse ela nunca fosse capaz?
Eu segui todos seus passos, mas não é mais suficiente.
Qual a verdade escondida por trás?
Só sei que corro e corro, mas nada resolvo
Presa nesse labirinto, tentei escapar por diversos caminhos
Há quanto tempo me encontro nessa fossa?
Talvez eu esteja perdida porque só vivo fugindo
Tão desgastada pra tentar achar a resposta
O tempo passa e parece que eu nunca tô conseguindo
De que adianta reclamar da porra da minha vida
Se o meu próprio progresso sou eu mesma que estou impedindo?
Alguém me ajuda, o que eu faço? Eu só quero subir num palco
Mas como fazê-lo se eu tenho medo?
Minha vida parece o inferno mas tentar escapar dele
Parece ser bem pior do que um pesadelo
Não é preguiça e nem falta de vontade,
Mas tem dias que não consigo nem me olhar no espelho
Ter que me expor me abala, cê fala "mano relaxa"
Mas como eu vou crescer se eu continuar assim, me escondendo?
Sempre me encontro em desespero, surge o medo
Toda vez que eu começo a pensar nessas paradas
Fico insegura, tipo e se eu abrir a boca pra rimar
Geral vai me zoar, mano eu vou ser vaiada
Essa porra me consome, eu travo, congelo
Tremo com o rosto quente, juro fico paralisada
São tantas lutas internas pra combater isso mas tá difícil,
Viver assim é uma desgraça!
Se um dia cê me machucou tenha certeza
A minha vontade mais plena é acabar com a sua raça
Pessoas boas seguem crucificadas
Enquanto quem pratica o ódio está manipulando massas
Perdendo a fé nessa nação, não querem paz ou progresso
Só querem a desordem e a desgraça
E os idiotas aplaudindo caçadores, tão ingênuos
Mal sabem eles, amanhã serão a caça!
A sociedade hoje é fútil, tão inútil
É que ninguém mais se conhece e aí repassam os seus traumas
Se vendem por dinheiro, arma droga e puta
E infelizmente o preço desse luxo é a própria alma!
Romantizando vícios, querem ter o sucesso
E esquecem que pra ter o sucesso é preciso ter a calma
E o engraçado é que tá todo mundo triste
Com a mente doente, mas pra doença eles batem palma
Já me inspirei no Chorão,
Vivo os meus dias de lutas e estou a aguardo dos de glória
Mas não me espelho em inspiração pois já sofri calada
E o resultado foi me entupir de remédio e abusar de droga
Essas paradas ninguém nunca quer ouvir,
Mas falo porque é a realidade e já fez parte da minha história
Dizem que o ódio só te atrasa, eu uso ele ao meu favor
Pois sei com ele alcançarei a vitória