Não desças à Terra meu lindo anjo orador
Me digas o que deves fazer
Sem pestanejar
Não me deixe a sós com tuas dúvidas
Sou tão desprezível quanto você
Mas não vos deixareis a sós por essas plagas
Mesmo sob aparência sadia padeço nos degraus mais baixos desse mundo
Que não nos pertence
Essa é a verdade que nos dignifica
Que faz sangrar nossa alma linda, independente
Que não acredita nessa dúbia e dolorosa morte
Às vezes antecipada em nossa mente
Nascemos pra viver do lado escuro
Andar no fio-da-navalha e cortar os pés tentando se equilibrar
É o que nos mantém vivos: a impossibilidade
A culpa sem chance de redenção
Essa é a verdade
O bem, o mal, a escolha, a decisão
Que faz sangrar nosso coração humano incandescente
As rosas são postas à prova
Algumas perdem o cheiro e são deixadas para sempre
Outras se confirmam,
Se modificam, se adaptam
Mas o seu cheiro e a sua essência são sempre os mesmos
Sabes exatamente o que fazer
Sabes o que está acontecendo
Sabes que algo se perdeu
Não se procure entre tantos pois poucos vão te reconhecer
Não jogue fora o que levou anos pra destilar
Essa é a verdade
Que nos dignifica
Faça do seu dia eterno
O eterno grito de uma insana lucidez
No eterno crepúsculo que é tua vida
No eterno crepúsculo que é tua vida
No eterno crepúsculo que é tua vida