Teimosia no raiar do medo
A tua boca seca por me acordares cedo
Pele branca e viva de morta que estás
Mas fica parada para te ver por trás
Se vieres buscar o que deixaste
Mete a faca nas mãos, a que já beijaste
A tinta de ontem escorre-me nas pernas
Lambe-me os lábios e as feridas abertas
Varre-me o chão
Que amanhã vem cá gente
Ver o que ficou para depois
O carro perdeu os bois
E a vida lavrou-nos sozinha
Quem espera definha
Morremos os dois
A vontade de ontem voltou para comer
Nem rezou à mesa
Nem esperou para querer
No quente da água que mata a sede
Cospe no prato que nada te impede
Varre-me o chão
Que amanhã vem cá gente
Ver o que ficou para depois
O carro perdeu os bois
E a vida lavrou-nos sozinha
Quem espera definha
Morremos os dois
Não pude pagar ao barqueiro
O luxo despiu-me inteiro
E a fé deixou as tuas ruas
Desertas e nuas
Os vasos do altar
Quebram antes do chão
Voltas à vida
Se te tiro as mãos