Quando criança eu aprendi
Que o remédio é pra curar.
Olhando o céu eu percebi,
Nem toda noite é de lua.
Que o vento empurra a toda força
O barco a velas pelo mar.
Mas só agora eu entendi
Que o coração é pra doer
A escuridão ainda é pior,
Que essa neblina.
Com água, sim, se apaga o fogo.
E não com gasolina.
Não serei mais confundido
Por nenhuma ilusão.
Nenhum sorriso, e nenhuma
Das malditas tentações.
Situações estranhas
E comuns que já passei,
Perguntas infinitas,
Que as respostas eu não sei
A escuridão ainda é pior,
Que essa neblina.
Ainda vou alimentar o motor
Ainda há gasolina.
E entre os muros, entre carros,
E um céu vermelho-escuridão
E esse gosto de ferrugem,
Esse sabor de podridão
Que você acha que não passa
E não há nada o que fazer
E nesse estado deplorável,
O que mais falta acontecer?
A escuridão ainda é pior,
Que essa neblina.
Ainda vou alimentar o motor
Ainda há gasolina.
A escuridão ainda é pior,
Que essa neblina.
Com água, sim, se apaga o fogo.
E não com gasolina.
Por acaso você pensa
Que eu sou de aço?
Não tenho força pra fazer
Além do que eu já faço.
Mas por acaso se esqueceram
Que eu não sou de aço?