Oração de camponês
Deise Jacinto
Talvez eu nunca entenda o caminho que trilhei
As tempestades que um dia eu encontrei
Trouxeram outra cor aos dias que ganhei
Talvez eu nunca te conheça e tudo vire pó
Os medos, as perguntas e a minha voz
E as canções sobre você fiquem pra nós
Perdoa se a minha saudade já me fez refém
Quem fala é a dor que eu vi nos olhos de alguém
Se é frágil a minha devoção, não vá agora me deixar
Espera, que a saudade logo vem me libertar
Plantei, cresceu o broto da pitanga e virou pé
Plantada ao lado reguei junto a minha fé.
Não há nobreza no lugar de onde ela é
Eu sei, da terra que eu arei você também me fez
Conheço teu olhar no sol que nasce as seis
Será que um rei escuta a voz de um camponês?