Estratosferas de igualdade
Ignoram que a realidade é louca
Que o ventrículo rural da cidade
É imitação bacoca
Dos excessos da modernidade
Da ausência de ar e humildade
Não se vive o que era dantes
Em tubos de escape fumegantes
Eu vou fugir da cidade
Citações de ídolos mortos
Para gáudio de infiéis seguidores
Monumentos com os pilares tortos
Pilhas de sapatos sem atacadores
E os escritores morreram de amores
Pela capa da gazeta dos desportos
E a humidade nas estantes
Livra os livros dos amantes
Eu vou fugir da cidade
Individualidades de papel
Que esvoaçam como almas fotográficas
Fazem do coração um bordel
Com ilustres personagens pornográficas
E há veneno nos poros da pele
Limitado às formas geográficas
Confortáveis no seu nicho
A remexer no lixo
Eu vou fugir da cidade