Pedir perdão
É o azeite da paixão
Na salada de ilusão
Que é sentires-te perdoada
Com a boca envinagrada
Pedir perdão é não dar nada
Dizer talvez
É o jeito português
De evitar a acidez
Das azedas carpideiras
No cemitério há feiras
Vendem-se caixões e saladeiras
Cimentado o cemitério
Comete-se adultério na igreja
Que não aleija tanto a fé
No café
Dizer o que se é
É não ser o que se diz
É pimenta no nariz
Que se espalha nos sentidos
As abelhas sem zumbidos
Fazem mel da cera de ouvidos
Pedir perdão
É dizer que não fui eu
É queimar um bom ateu
E aquecer-se na fogueira
É errar a vida inteira
E pedir perdão por brincadeira