PAPELÃO
Minha casa é de papel
E o papel que me vês, papelão
Sou o lixo que vive
Colhendo restos, embalando o não
Cuidado - frágil
Meu conteúdo é miséria demais
Tenho fé descartável
Tenho leito que a chuva desfaz
Meu papel é em vão
Frente ao seu que manda: despejar!
O seu medo me torna
Combustível de raiva a queimar
Sou refugo, sou desuso
Sou Deus, Satanás
Faço de noite o abrigo
E amanhã cedo farei dele
O que me alimentar