(Refrão)
O chão da cidade tá pegando fogo
É preciso começar de novo
Ninguém escuta mais o choro do meu povo
É preciso começar de novo
Eu sou branco mas filho de negro
Aprendi a andar na linha sempre com respeito
Deixando de lado todo preconceito
A gente tem que dar um jeito
A paz virou camisa, uma pomba branca
E ninguém se manca
Que todo mundo quer ser um cidadão descente
Agora no presente
De canto em canto eu vejo um cara no muro
Trajando paletó falando de futuro
Quando tem eleição ele vai na favela
E diz que é amigo dela
Vejo o molequinho que tá cheirando cola
Ah meu Deus, se ele pudesse tava na escola
Levando seu lanchinho dentro da sacola
E nas horas vagas jogando sua bola
Ele não viveria só "tomando bola"
Vivendo a agonia de sobrevivier
Acorda burguesia pois onde tem fome
Pode crer que é aí que a bala vai comer
A sociedade hoje tá com medo
E tem medo de compreender
Que o que rola entre nossos becos
Dá medo de se ver
É tanta miséria, tanta solidão
Tanta gente precisando de compreensão
E o pobre às vezes se vira no grito
E morre com picada de mosquito
Vamos colocar papelada na rua
Botar logo uma lei para acabar com a fome
Pois se no barraco tem uma mesa nua
Ali se faz a cidade dos homes