Se entregar jamais
Se entregar jamais
Percorria a cidade
Com as velhas botinas
A idade avançada
Era mais uma pedra no seu dia a dia
Carregava no dorso a pesada carroça
Belezas e dores forjaram a vitória
O cansaço arqueava suas velhas costas
As rugas no rosto, curvas da história
Se entregar jamais
Se entregar jamais
É outro herói de bronze
Que não desistiu
Uma velha senhora
Que vivia sozinha
E quem a conhece dirá
Um exemplo de fé
Emancipou sua prole, todos bem criados
Cuidava dos seus e acolhia os bastardos
Sua casa era altar de boa energia
E aos mais precisados doou sua vida
Se entregar jamais
Se entregar jamais
É outro herói de bronze
Que não desistiu
O menino-herói
Não tinha amarras
E era sempre a princesa
Em seus contos de fada
Calçava os saltos da sua mãe
Usava as gravatas do seu velho pai
Um gênio sem gênero, um anjo livre
Sorria aos adultos mais insensíveis
Se entregar jamais
Se entregar jamais
É outro herói de bronze
Que não desistiu
Uma jovem tão bela
Por dentro e por fora
Era mero objeto
Para as mentes banais
Ela quer desfrutar do amor verdadeiro
Seus olhos refletem tal qual um espelho
Olhando pra eles eu pude notar
Quão sujo por dentro eu devo estar
Se entregar jamais
Se entregar jamais
É outro herói de bronze
Que não desistiu
Se entregar jamais
Se entregar jamais
É outro herói de bronze
Que não desistiu
Heróis de bronze
Não seduzem como ouro
E são como podem ser
Heróis de bronze
Não derretem como a prata
E são ruins de corroer
Heróis de bronze
Não seduzem como ouro
E são como devem ser
Heróis de bronze
Não derretem como a prata
E são ruins de corroer